Santos FC

Santos FC

sexta-feira, 16 de maio de 2014

LAOR, SEIS TÍTULOS, UM PRESIDENTE QUE NOS DEU MUITAS ALEGRIAS


Na quarta-feira, 14, Luís Álvaro, ex-presidente do Santos, me telefonou para contar, em primeira mão, segundo suas palavras, que havia renunciado ao cargo.

Fez-me essa gentileza em homenagem ao fato de eu ter sido o primeiro amigo a estimulá-lo a se candidatar à Presidência nas eleições do clube em 2003, semente da vitória que se concretizou no pleito de 2009.

Laor (abreviação que virou sua marca) renunciou premido pela fragilidade de seu coração, que o afastou do cargo, em uma segunda licença temporária, desde agosto de 2013. Coração que lhe causava problemas desde antes da primeira candidatura. Pouco antes da eleição de 2003 teve quatro enfartes e resistiu a todos ele bravamente. E, bravamente, disputou o pleito, quando qualquer outro não se arriscaria.

Quando falamos ao telefone, eu lhe disse que como santista me orgulhava imensamente de sua passagem pela presidência do alvinegro, mas como amigo não sabia se fizera bem ao estimulá-lo a encarar a presidência do clube. Como santista só tenho a comemorar todos os títulos conquistados e a ousadia de segurar Neymar em nosso time por tanto tempo, resistindo a proposta milionária do Chelsea da Inglatera. Como amigo, sinto-me desgostoso pelos problemas de saúde que o exercício da presidência do Santos lhe causou.

Nas candidaturas de 2003 e 2009, Laor não se ofereceu para o cargo. Seu nome surgiu, no grupo de oposição, como o que apresentava as melhores condições para competir e vencer. Nas duas vezes, foi persuadido a se candidatar. A reeleição de 2011, com 87% dos votos, foi a consagração natural de uma gestão que levara o clube a conquistar, depois de 40 anos, a terceira Libertadores da América. Antes, conquistara duas vezes o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, esta pela primeira vez.

Houve avanços importantíssimos fora do campo, também, que lastrearam as conquistas no gramado. Reportagem publicada por “O Estado de São Paulo”, em 10/5 passado, sob o título “Cresce a dívida dos paulistas” mostra que, quando Laor assumiu, a dívida do Santos era de R$ 181,8 milhões e a receita de R$ 70,3 milhões. No final de 2011, ano da conquista da Libertadores, a dívida era de R$ 207,6 milhões e a receita já batia nos R$ 189,1 milhões. Uma diferença que caiu de R$111,5 milhões para R$ 18,5 milhões.

Apesar desses sucessos, a sua vida no comando do Santos e a de sua diretoria, depois Comitê de Gestão, não foi fácil, nem isenta de tropeços e dificuldades Toda frente política que chega ao poder, no caso a Resgate, agrega pessoas com características e ambições pessoais e distintas e os conflitos são inevitáveis e danosos à administração.  Assim, não se concretizaram todas as promessas de eficiência gerencial e de profissionalismo que a campanha prometeu – da qual eu era um dos porta-vozes na condição de presidente da Resgate em 2009.

A esse quadro, somou-se , a partir de 2012, a “Neymardependência” do time, em função do desgaste da qualidade do restante da equipe, principalmente após as seguidas contusões de Ganso. Cresceram, ao longo do ano, as discussões sobre a conveniência da venda ou da permanência do nosso astro na equipe, diante da possibilidade dele sair de graça após esta Copa do Mundo. Neymar, cujo pai já havia se acertado com o Barcelona, acabou negociado com o time catalão. A transação que, levando em conta todos os tipos de contratos envolvidos, chegou perto do valor oferecido anteriormente pelo Chelsea, gerou polêmica – apesar do Santos ter catapultado ao máximo os seus ganhos financeiros.

As sucessivas licenças de Laor por motivos de saúde contribuíram para um vácuo de poder no clube, agravado por conflitos no Comitê de Gestão e nas áreas gerenciais, e criaram incertezas sobre os caminhos do alvinegro, que já havia perdido o brilho em campo. Só após a licença de um ano do presidente, a partir de agosto de 2013, houve uma redefinição de poderes e de métodos de gestão, que estão atualmente em vigor sob a batuta de Odilio Rodrigues. Tantos solavancos, contudo, prejudicaram a saúde financeira do clube: o faturamento caiu e o endividamento aumentou.

Ao fim e ao cabo, Laor teve uma marcante passagem pela presidência do Santos, sendo o segundo presidente que mais conquistou títulos, especialmente a Libertadores. Acertou no atacado e errou, algumas vezes, no varejo. Com a sua verve exuberante, deu uma visibilidade rara e diferenciada ao cargo. Infelizmente, a corajosa iniciativa de segurar os jogadores talentosos no Brasil, caso de Neymar, que fortaleceria o futebol no país, não foi seguida por nenhum outro clube. Mas deu enormes alegrias a todos nós santistas.

Laor, meu caro, cuide bem de sua saúde a partir de agora.

Você merece.


Nenhum comentário:

Postar um comentário