Santos FC

Santos FC

sábado, 17 de agosto de 2013

COM LAOR, OS SANTISTAS VIVERAM UM BELO SONHO

Com Laor, os santistas viveram um belo sonho.

Sei que, à essa altura dos acontecimentos, muitos julgarão essa frase ingênua. Mas, se há algo que não sou é ingênuo, até por formação profissional.

Jornalista tem que ser capaz de enxergar e entender todos os detalhes de um fato. No caso de Laor, me manifesto também como amigo e um dos patrocinadores de suas candidaturas em 2003 e 2009.

Assim, repito: com Laor, os santistas viveram um belo sonho.

Laor chegou à Presidência do clube como representante de um grupo de santistas e governou, até agora, em consenso com os seus pares que participaram, no primeiro mandato, do Guia e da diretoria e, no segundo mandato, do Comitê de Gestão.

Os bons e os maus resultados do Santos entre dezembro de 2009 e hoje devem ser atribuídos a ele e a todos essa pares, a cada um de acordo com seu peso na tomada de decisões.

Como presidente, Laor foi a face pública dessa administração até agora. Foi também o grande catalisador das ideias que fizeram com que o Santos ousasse quebrar os paradigmas até então vigentes no futebol brasileiro e mantivesse Neymar no time, transformando-o no mais importante jogador da história do clube nos últimos tempos. E nos conduzisse de volta ao título da Copa Libertadores, depois de 48 anos longe dela.  

E isso foi muita, muita coisa mesmo. Ou algum santista renega esse título? E os demais que foram conquistados? Laor é o segundo presidente com mais títulos conquistados na história do Santos, depois de Athié Jorge Coury, que ficou na presidência por 25 anos, 18 deles tendo Pelé no time. É pouca coisa? E sejamos justos ao dividir os louros, são conquistas de toda a direção do Santos que estava junto com Laor.

Não vou repetir aqui que, nesse período, a receita anual do clube subiu de R$ 70 milhões para quase R$ 200 milhões, que o número de sócios multiplicou-se para 50 mil , a cota de TV subiu. Não se deve esquecer o esforço mensal para pagar a dívida de R$ 30 milhões do Santos para com o ex-presidente Marcelo Teixeira.

Houve erros nesse trajeto? Houve sim. Em várias áreas, uns por arrogância, outros por incompetência, outros por inexperiência. Vários quadros ganharam cargos, assalariados ou não, simplesmente por estarem dentro da frente eleitoral. A administração do futebol demorou a ganhar eficiência e ainda precisa se consolidar. Laor nem sempre fez as escolhas certas. Nem seus pares.

O balanço da gestão mostra um copo mais cheio ou mais vazio? Para mim, bem mais cheio e há vazios a preencher.

Na penúltima reunião do Conselho Deliberativo, subi à tribuna no final da sessão, já bastante esvaziada de público, para dizer que a frente política que elegeu Laor e seus pares havia se dividido por interesses contrariados – interesses de ganhar dinheiro no clube, de ter projeção social via o clube, de usar o clube para fazer política, etc... E que essa divisão, que já vinha de algum tempo, agravada por mudanças e demissões dos quadros do clube, estava prejudicando a administração e era parte da disputa eleitoral de 2014.

Some-se a esse quadro, uma oposição sempre deletéria, irresponsável, que acha que as decisões dentro de um clube de futebol se tornam realidade com um estalar de dedos, que acha que tudo é fácil, que, por vocação, começa a chamar qualquer diretoria do clube de incompetente no seu segundo dia de mandato, pois essa é a sua razão de ser. Não são poucos e nada fazem, nunca fizeram para construir, só para destruir. E querem que o time seja campeão todos os meses.

Às vésperas das eleições em 2003, a primeira em que concorreu, Laor teve quatro ataques cardíacos,  bravamente enfrentou o pleito e teve 40% dos votos, semeando a vitória de 2009. Pois a natureza foi cruel com ele, fragilizando a sua saúde a partir do fim do ano passado, prejudicando sua atuação no clube, num momento importante de redefinições e reorganizações, troca de quadros. O competente,  dedicado e leal vice-presidente Odílio Rodrigues passou a comandar o clube. Dentro do quadro cinzento reinante, foi inevitável instalar-se a sensação de vácuo de poder.

A venda de Neymar,  cujos termos apoiei e o resultado do jogo contra o Barcelona (uma decisão temerária) incendiaram um ambiente em que a proposta de impeachment já medrava. Nesse quadro, apesar da vontade de Laor de reassumir o clube depois do acidente que afastou o vice Odilio, ficou claro que as suas condições de saúde dificultariam a eficiência de seu comando e a governabilidade do clube – principalmente depois do afastamento, alguns propostos por ele,  de membros do Comitê de Gestão.

O que realmente contou para a decisão de se licenciar por parte de Laor foram as conversas com vários conselheiros e pessoas próximas a ele. Mostraram-lhe que seu maior desafio, no momento, é cuidar bem da saúde, o que não conseguiria exercendo a presidência do clube em um momento tão conturbado, que exigiria muito dele. O impeachment, apesar das 97 assinaturas, jamais seria aprovado pelo Conselho. Seus irresponsáveis proponentes se vangloriam de um peso que não tiveram na decisão.

Além dos fatores que já apontei, os obstáculos externos também dificultaram a realização de boa parte dos projetos de Laor e seus pares. Só vou citar um: apesar do esforço do Santos para manter Neymar, os clubes brasileiros continuaram a vender com rapidez seus craques para o exterior (exemplos de Lucas e Oscar e agora Bernard) o que impede o fortalecimento do futebol brasileiro. Mas isso fica para outro comentário.

A bola agora está com Odílio Rodrigues, o vice-presidente, que neste momento dirigirá o clube de casa, em função de sua recuperação das operações a que teve que submeter-se nos joelhos, depois da queda que sofreu. Tem pela frente, também, a tarefa de recompor o Comitê de Gestão e aprovar os nomes no Conselho Deliberativo. Isso, na administração. No futebol, o desafio será construir um bom time após a era Neymar.

O que eu e muitos santistas querem é voltar a viver o sonho que vivemos com Laor.


Não será fácil, mas é possível. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário