COMO RECONQUISTAR A CONFIANÇA DA TORCIDA

A atual direção do Santos, o presidente Laor, o vice-presidente Odílio e os sete outros membros do Comitê de Gestão estão diante de seu maior desafio, desde o final de 2009 quando o atual grupo político chegou ao comando do clube.

Depois de conquistar cinco títulos em dois anos e meio, a Libertadores de 2012, o tri-campeonato (de verdade, 2010,11 e 12) e a inédita Copa do Brasil;

·        Depois de manter Neymar no Santos e no Brasil, resistindo às milionárias propostas do Chelsea e do Barcelona, um marco na história do futebol pátrio, apontando um caminho para restaurar a força econômica e o prestígio do esporte brasileiro;

·        Depois de resistir à todas as manobras do grupo DIS para arrancar Ganso do Santos e faturar em cima do craque – que quando voltar à forma dará mais alegrias ao torcedor santista (lembrem-se de quanto, jogando no sacrifício, ele foi fundamental na vitória contra o Peñarol no Pacaembu);

·        Depois de se impor na cúpula do futebol brasileiro, ganhando mais espaço junto às entidades esportivas (CBF e FPF) e garantindo mais renda e bom relacionamento com a TV Globo, parceira mais importante dos clubes no futebol brasileiro.

Depois de tudo isso, conquistado em apenas dois anos e meio de gestão, a desclassificação do time na Libertadores de 2012 provoca uma comoção desproporcional na torcida, gerando um enxurrada de críticas absolutamente injustas, que beiram o desrespeito e carregam um grau de maledicência destrutiva que nem a paixão que o futebol desperta justifica.

Não, não estou esquecendo que o Santos não chegou a lugar algum nos dois últimos campeonatos brasileiros, mas qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção de realidade sabe que às vezes é necessário abrir mão de alguma coisa em troca de outra.

Não, não estou esquecendo a derrota contra o Barcelona, que mostrou que apesar de termos andado muito, ainda temos muito que progredir – dentro e fora do campo.

Não, não estou esquecendo os problemas de relacionamento com a torcida, especialmente em relação à venda de ingressos nas partidas mais importantes e na implantação do programa Sócio Rei.

Não, não estou esquecendo as criticáveis festividades do Centenário, que sofreram por falta de planejamento e grandiosidade. Mas aqui faço a ressalva de que não esperava que, em campo, o Santos conquistasse, no seu Centenário,  todos os títulos que viesse a disputar. A história dos demais clubes centenários mostra que isso nunca acontece.

Conheço o suficiente da vida, do alto dos 65 anos que completo em agosto próximo, para saber que todo processo apresenta falhas e insuficiências no seu desenrolar e que o importante é que ele avance, apresente conquistas. E as duas gestões de LAOR & Cia são ricas em conquistas.

O Santos de hoje está muito melhor do que em 2009, encorpado e com futuro.

A atual gritaria de críticas, que se espalha principalmente pela internet, tem muitas causas. Ao longo dos dois anos e meio, às vozes naturais da oposição, juntaram-se as dos ingênuos que acham que um time consegue ganhar tudo, as dos ciumentos (isso mesmo, ciumentos) dos sucessos da diretoria, dos incomodados com o carisma do presidente LAOR e as de  interesses contrariados, especialmente dentro do grupo original que ganhou as eleições de 2009.

A virulência, de um lado, e a irresponsabilidade e a futilidade das críticas são assustadoras. Mais do que assustadoras, são desagregadoras. Seus autores manifestam-se como se fossem donos de soluções milagrosas, que não têm, nem saberiam ou teriam poder para implementar.

(Não posso deixar de mencionar que uma das causas dessa gritaria é o fato de termos sido desclassificados pelo Corinthians na Libertadores).

Digo que a direção está diante de seu maior desafio porque tem pela frente a necessidade de reconstruir o time, garantir no mínimo a chegada na zona da Libertadores no Brasileirão, senão a conquista do título. Com a chegada à zona da Libertadores, recomeçaremos o processo de chegar ao mundial novamente em 2013. Se formos campeões,  além disso estaremos conquistando um título inédito para esta diretoria.

O jogo deste domingo contra o Coritiba mostrou que a tarefa não será fácil. Nem a desculpa do desânimo pós-desclassificação justifica o empate. Nem o fato do Coritiba ser um time bem organizado, que desclassificou o São Paulo na Copa do Brasil. Faltou futebol, organização tática. Neymar não teve com quem jogar. E, pior, ele estará presente em mais dois jogos e junto com Ganso estará fora por oito rodadas durante as Olimpíadas.

Recorrer à base, como já disse o presidente LAOR, será necessário, obrigatório, mas não suficiente. Jovens não resolverão nossas carências. Serão necessários bons e experientes jogadores que completem a equipe, dêem-lhe equilíbrio, estabilidade.

Além disso, é necessário dar um padrão de jogo ao time. Se hoje tem, confesso que não consigo perceber. O Coritiba, um time de jogadores medianos, mostrou que segue um padrão tático eficiente. Agora que não estamos disputando partidas decisivas uma atrás da outra, jogando da mão para a boca, Muricy Ramalho deveria se dedicar àrduamente a essa tarefa, dentro de seu princípio “aqui é trabalho”.

Como já disse no post anterior, o Comitê de Gestão (CG) terá que encontrar recursos para bancar essas contratações. Agora não é hora de pensar só em superávit operacional, é preciso ter consciência de que entramos em uma nova fase do time e duvido que se possa tocá-la sem dinheiro. De onde ele virá? A palavra com o CG.

Um atitude firme de LAOR & Cia. nessa direção, e uma boa dose de diálogo, mostrarão que o comando do Santos está consciente que a fase vitoriosa anterior se esgotou e é preciso lançar as bases da próxima.

Isso poderá dar um novo ânimo e confiança à torcida.