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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

PELÉ NÃO PRECISAVA DESSE FILME

Faltaram o Zé Carioca e Carmem Miranda no roteiro do filme “Pelé, o Nascimento de uma Lenda”, que assisti recentemente no Netflix.

O roteiro é inspirado na visão que os norte-americanos tinham, ou tem, do Brasil dos anos 40/50, um pais meio urbano/meio “jungle”, onde além de sambarem todos os dias e o dia todo, os moleques jogavam futebol com a “ginga” herdada dos escravos africanos.
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A “ginga” seria a causa da onipresente e profunda frustração com a perda da Copa de 1950 diante dos combativos uruguaios, e da seguinte, de 1954, quando o time foi atropelado pelo esquadrão húngaro com seu futebol organizado e eficiente. O que os brasileiros jamais conseguiriam.

A história do menino Dico, depois Pelé, em Bauru, é uma saga tropical de luta contra a miséria na qual a ficção e a imaginação dos roteiristas gringos corre solta. Eram o menino e os pais lutando contra a pobreza, a humilhação e o complexo de vira-lata. Tem fundo de verdade, mas pintada com cores melodramáticas e farsescas.

No pulo do Santos para a Seleção Brasileira, Pelé é apresentado como um menino frágil sempre assustado, incompatível com o talento com que desabrochava. E que tem uma epifania na Suécia. O bonachão Vicente Feola, técnico da Seleção, é mostrado como um feroz feitor que tentava impor a disciplina europeia à ginga brasileira. Logo Feola, de quem se dizia que dormia no banco de reservas.

“Pelé, o Nascimento de uma Lenda” coloca o nosso Rei como a peça chave para o Brasil superar o complexo de vira-lata com que Nelson Rodrigues carimbou a seleção pós 50. Mas o time era de craques, todos jogando no Brasil, em que Garrincha também desequilibrou.

Ao contrário de hoje, quando nosso futebol, sim, parece de vira-lata frente ao praticado na Europa – que, diga-se de passagem, importa os nossos melhores craques para abrilhantar seus times disciplinados e eficientes.

Na época de Pelé não era assim, mas é querer demais que os produtores norte-americanos saibam disso.

Zé Carioca e Carmem Miranda fizeram escola.

Pelé não precisava disso.

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