O sistema de
votação eletrônico não funcionou, pela segunda vez, e o voto foi em cédulas.
Antes da
contagem começar, o presidente do Conselho, Paulo Schiff, anunciou o resultado
das eleições em São Paulo, onde o sistema eletrônico, como da primeira vez,
funcionou.
O resultado
mostrou que a nossa chapa, a 2, dificilmente ficaria bem colocada, pois teve
apenas 212 votos contra 407 da chapa 1, do Peres; 338, da chapa 5, do Fernando
Silva; 118 da 3, do Orlando Rollo e
irrisórios 35 para a 4, de Modesto Roma. Peres e Fernando Silva estavam à nossa frente.
Uma boa votação em São Paulo era fundamental para nós.
Quanto aos
votos irrisórios de Roma, ele poderia tirar a diferença no Colégio Eleitoral de
Santos. E pelo que eu havia percebido ao fazer boca de urna na Vila Belmiro a
votação dele em Santos havia sido forte.
Aberta a
primeira urna, nossa chapa, a 2, teve só 62 votos. Nosso destino estava
delineado, pois a proporção de votos para as chapas se mantém em todas as urnas, como aprendi em outras
eleições.
O resultado
final foi duro para nós:
Modesto
Roma: 1321
José Carlos
Peres: 1139
Fernando
Silva: 1077
Orlando Rollo:
855
Nabil
Khaznadar: 720
Votaram 4230
sócios, num total possível de 19 000.
Com essas
votações, Modesto fez 37,35% dos conselheiros eleitos, Peres, 32,30% e Fernando
Silva, 30,45%. Nós e o Rollo ficamos fora do Conselho.
Considerando os conselheiros efetivos, Roma garantiu
maioria no Conselho, mas perderá votações se Peres e Fernando se unirem contra
suas propostas. Isso acontecerá? Só o tempo dirá, pois também podem trabalhar
juntos.
Somados, nós,
Rollo e Silva que atuamos juntos nas eleições de 2009 e 2011 teríamos tido 2652
votos. O suficiente para manter Modesto Roma e seu patrocinador, Marcelo
Teixeira, longe do Santos. A divisão da frente constituída em 2009 possibilitou
o retrocesso ao passado.
Registre-se
a forte performance da chapa de Peres, cuja votação foi muito superior à
imaginada. Ele beneficiou-se do recall de sua história desde a criação da ONG Santos Vivo e de seu
discurso conciliador durante toda a campanha.
O fato da
chapa de Orlando Rollo não ter tido acesso ao Conselho foi positivo pois, do
meu ponto de vista, ele representa o jogo bruto dentro do Santos.
Quanto a
nós, da Chapa 2, pagamos o preço de, responsavelmente, ter apoiado o atual
Comitê de Gestão, sob o comando de Odílio Rodrigues, assumido em momento de crise. Decorrente da tentativa de impeachment e do afastamento de Luís Álvaro, a crise caiu no colo de Odílio e
todos os grupos do Conselho, inclusive os de Fernando Silva e Orlando Rollo, se
tornaram oposicionistas já visando as eleições. Ganharam discurso fácil.
Se a Eu Sou
Santos não tivesse sempre votado a favor de Odílio no Conselho, seu mandato não
chegaria ao final e o Santos ficaria caracterizado como um clube instável e
inconfiável para eventuais parceiros futuros.
Embora o
time não tenha se saído bem nos campeonatos que disputou e a negociação de
Leandro Damião tenha sido polêmica, Odílio deixa para seu sucessor um contrato
perpétuo de parceria com Pelé, que poderá render bons frutos de marketing e um
contrato com uma multinacional francesa, a Leroy Merlin, para a construção de
um novo, confortável e equipado centro de treinamento para a base. Espero que
esses contratos não se percam.
A chapa 2,
de Nabil e Carlinhos, não se constituiu facilmente. Foi formada tardiamente em
função de dura disputa interna, que carregou durante toda a campanha. Não vou
explicitar aqui, mas essa disputa atrapalhou a performance da chapa na campanha.
Trabalhou contra nós, também, o
cancelamento da eleição no dia 6 de dezembro.
Nabil foi um
herói por ter ousado sair candidato a presidente, mas pagou o preço do
noviciado, do desconhecimento de seu nome e do carimbo de situacionista. Como
ele mesmo disse, depois da eleição, aprendeu muito.
Depois de 5
anos, estou fora do Conselho Deliberativo, onde atuei na medida do possível em
função de minhas atividades profissionais. Tirei duas licenças para me manter
dentro do limite de faltas permitidas, pois nem sempre nossas agendas batem com
as das reuniões do Conselho.
Volto à
arquibancada com a lição de que é frustrante participar da vida política de um
clube de futebol. O jogo é muito complicado, muitas vezes sujo, há interesses e
personagens de todos os tipos, que defendem o que é melhor para eles, não
necessariamente para o clube. O alvinegro da Vila Belmiro é usado por muitos
que tem interesse no sistema de poder da cidade de Santos. E vários que tem
interesses outros que não os da cidade, mas sim pessoais, inclusive de
emprego e negócios.
Poucos
apoiaram tanto o presidente Luís Álvaro como eu. Ele foi muito bem até sermos
desclassificados pelo Corinthians na Libertadores de 2012 e dizer que torceria
pelo time da marginal na final da disputa. Não percebeu o trauma que a desclassificação
causou. Dali em diante perdeu prestígio e o time entrou em uma fase complicada,
excessivamente dependente de Neymar.
Errou ao dar ao pai do jogador a carta que
o autorizava a conversar com outros clubes, sem divulgar que fizera o
documento. Deveria ter-se licenciado definitivamente quando seus problemas de
saúde se manifestaram. Seria melhor para ele e não se chegaria à crise da constrangedora
ameaça de impeachment. A seu favor,
muitos dos que estavam sob seu comando também erraram.
Apesar de
tudo, faria novamente todas as opções que fiz. No computo final, nós santistas
temos mais seis títulos de campeão para comemorar. E um imenso aprendizado.
Eu
continuarei aqui neste meu blog, mas agora falando de futebol brasileiro e
global, não apenas do nosso querido Santos.
Confesso que
estou muito chateado ao escrever este texto, ainda não me recuperei totalmente do
resultado das eleições.
Que os
Deuses do futebol protejam o nosso alvinegro da Vila Belmiro.
Boa noite, Serrano.... Ao menos por aqui, não vi um único santista que ao menos não ficou perplexo com essa eleição... Ontem, no momento em que o Modesto concedia entrevista para a ESPN, o apresentador não podia conter essa perplexidade... Faz parte, e embora o resultado seja legal, é no mínimo curioso que as urnas falhem pela segunda vez em Santos, e é uma pena não poder ter sido aprovado o voto pela internet... Como quem se programou pra votar na semana passada e não pôde, não são todos que possuem a mesma disponibilidade para se deslocar de um outro estado ou uma cidade interiorana para votar novamente, e dos 19.000, pouco mais de 4 mil puderam votar, nem a metade do permitido e uma pequena parcela dos mais de 60.000 associados... Cenário propício para o provincianismo proliferar.... Esperava até o Rollo, menos o Modesto.... Bom, boa sorte pra ele, e pra nós...
ResponderExcluirSerrano, só uma dúvida... Existe a possibilidade de não vingar esse acordo com a Leroy, ou essa possibilidade não existe ?? Depois que eu vi que ele quer transformar a Santos TV em canal de TV por assinatura, não duvido de mais nada...