Santos FC

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domingo, 14 de dezembro de 2014

Que os Deuses do Futebol protejam o Alvinegro da Vila Belmiro

 Fui escrutinador nas eleições de sábado no Santos.

O sistema de votação eletrônico não funcionou, pela segunda vez, e o voto foi em cédulas.

Antes da contagem começar, o presidente do Conselho, Paulo Schiff, anunciou o resultado das eleições em São Paulo, onde o sistema eletrônico, como da primeira vez, funcionou.

O resultado mostrou que a nossa chapa, a 2, dificilmente ficaria bem colocada, pois teve apenas 212 votos contra 407 da chapa 1, do Peres; 338, da chapa 5, do Fernando Silva;  118 da 3, do Orlando Rollo e irrisórios 35 para a 4, de Modesto Roma.  Peres e Fernando Silva estavam à nossa frente. Uma boa votação em São Paulo era fundamental para nós.

Quanto aos votos irrisórios de Roma, ele poderia tirar a diferença no Colégio Eleitoral de Santos. E pelo que eu havia percebido ao fazer boca de urna na Vila Belmiro a votação dele em Santos havia sido forte.

Aberta a primeira urna, nossa chapa, a 2, teve só 62 votos. Nosso destino estava delineado, pois a proporção de votos para as chapas se mantém  em todas as urnas, como aprendi em outras eleições.

O resultado final foi duro para nós:
Modesto Roma: 1321
José Carlos Peres: 1139
Fernando Silva: 1077
Orlando Rollo: 855
Nabil Khaznadar: 720
Votaram 4230 sócios, num total possível de 19 000.

Com essas votações, Modesto fez 37,35% dos conselheiros eleitos, Peres, 32,30% e Fernando Silva, 30,45%. Nós e o Rollo ficamos fora do Conselho.

Considerando os conselheiros efetivos,  Roma garantiu maioria no Conselho, mas perderá votações se Peres e Fernando se unirem contra suas propostas. Isso acontecerá? Só o tempo dirá, pois também podem trabalhar juntos. 

Somados, nós, Rollo e Silva que atuamos juntos nas eleições de 2009 e 2011 teríamos tido 2652 votos. O suficiente para manter Modesto Roma e seu patrocinador, Marcelo Teixeira, longe do Santos. A divisão da frente constituída em 2009 possibilitou o retrocesso ao passado.

Registre-se a forte performance da chapa de Peres, cuja votação foi muito superior à imaginada. Ele beneficiou-se do recall de sua história  desde a criação da ONG Santos Vivo e de seu discurso conciliador durante toda a campanha.

O fato da chapa de Orlando Rollo não ter tido acesso ao Conselho foi positivo pois, do meu ponto de vista, ele representa o jogo bruto dentro do Santos.

Quanto a nós, da Chapa 2, pagamos o preço de, responsavelmente, ter apoiado o atual Comitê de Gestão, sob o comando de Odílio Rodrigues, assumido em momento de crise. Decorrente da tentativa de  impeachment e do afastamento de Luís Álvaro, a crise  caiu no colo de Odílio e todos os grupos do Conselho, inclusive os de Fernando Silva e Orlando Rollo, se tornaram oposicionistas já visando as eleições. Ganharam discurso fácil.

Se a Eu Sou Santos não tivesse sempre votado a favor de Odílio no Conselho, seu mandato não chegaria ao final e o Santos ficaria caracterizado como um clube instável e inconfiável para eventuais parceiros futuros.

Embora o time não tenha se saído bem nos campeonatos que disputou e a negociação de Leandro Damião tenha sido polêmica, Odílio deixa para seu sucessor um contrato perpétuo de parceria com Pelé, que poderá render bons frutos de marketing e um contrato com uma multinacional francesa, a Leroy Merlin, para a construção de um novo, confortável e equipado centro de treinamento para a base. Espero que esses contratos não se percam.

A chapa 2, de Nabil e Carlinhos, não se constituiu facilmente. Foi formada tardiamente em função de dura disputa interna, que  carregou durante toda a campanha. Não vou explicitar aqui, mas essa disputa atrapalhou a performance da chapa na campanha. Trabalhou contra nós, também,  o cancelamento da eleição no dia 6 de dezembro.

Nabil foi um herói por ter ousado sair candidato a presidente, mas pagou o preço do noviciado, do desconhecimento de seu nome e do carimbo de situacionista. Como ele mesmo disse, depois da eleição, aprendeu muito.

Depois de 5 anos, estou fora do Conselho Deliberativo, onde atuei na medida do possível em função de minhas atividades profissionais. Tirei duas licenças para me manter dentro do limite de faltas permitidas, pois nem sempre nossas agendas batem com as das reuniões do Conselho.

Volto à arquibancada com a lição de que é frustrante participar da vida política de um clube de futebol. O jogo é muito complicado, muitas vezes sujo, há interesses e personagens de todos os tipos, que defendem o que é melhor para eles, não necessariamente para o clube. O alvinegro da Vila Belmiro é usado por muitos que tem interesse no sistema de poder da cidade de Santos. E vários que tem interesses outros que não os da cidade, mas sim pessoais, inclusive de emprego e negócios.

Poucos apoiaram tanto o presidente Luís Álvaro como eu. Ele foi muito bem até sermos desclassificados pelo Corinthians na Libertadores de 2012 e dizer que torceria pelo time da marginal na final da disputa. Não percebeu o trauma que a desclassificação causou. Dali em diante perdeu prestígio e o time entrou em uma fase complicada, excessivamente dependente de Neymar. 

Errou ao dar ao pai do jogador a carta que o autorizava a conversar com outros clubes, sem divulgar que fizera o documento. Deveria ter-se licenciado definitivamente quando seus problemas de saúde se manifestaram. Seria melhor para ele e não se chegaria à crise da constrangedora ameaça de impeachment.  A seu favor, muitos dos que estavam sob seu comando também erraram.

Apesar de tudo, faria novamente todas as opções que fiz. No computo final, nós santistas temos mais seis títulos de campeão para comemorar. E um imenso aprendizado.

Eu continuarei aqui neste meu blog, mas agora falando de futebol brasileiro e global, não apenas do nosso querido Santos.

Confesso que estou muito chateado ao escrever este texto, ainda não me recuperei totalmente do resultado das eleições.


Que os Deuses do futebol protejam o nosso alvinegro da Vila Belmiro.

Um comentário:

  1. Boa noite, Serrano.... Ao menos por aqui, não vi um único santista que ao menos não ficou perplexo com essa eleição... Ontem, no momento em que o Modesto concedia entrevista para a ESPN, o apresentador não podia conter essa perplexidade... Faz parte, e embora o resultado seja legal, é no mínimo curioso que as urnas falhem pela segunda vez em Santos, e é uma pena não poder ter sido aprovado o voto pela internet... Como quem se programou pra votar na semana passada e não pôde, não são todos que possuem a mesma disponibilidade para se deslocar de um outro estado ou uma cidade interiorana para votar novamente, e dos 19.000, pouco mais de 4 mil puderam votar, nem a metade do permitido e uma pequena parcela dos mais de 60.000 associados... Cenário propício para o provincianismo proliferar.... Esperava até o Rollo, menos o Modesto.... Bom, boa sorte pra ele, e pra nós...

    Serrano, só uma dúvida... Existe a possibilidade de não vingar esse acordo com a Leroy, ou essa possibilidade não existe ?? Depois que eu vi que ele quer transformar a Santos TV em canal de TV por assinatura, não duvido de mais nada...

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