Dois jogos,
um contra o Corinthians, outro contra o valente Botafogo de Ribeirão Preto, sem
as novas contratações em campo, 10 gols a favor, dois contra, 10 x 2.
Não acredito
que alguém esperava essa bela performance de nosso time. Melhor: com os meninos
da base brilhando, especialmente Geuvânio e Gabriel.
Enfim, no campo, vamos melhor, muito melhor do que se poderia
esperar.
E, em breve, certamente começará a pressão dos clubes
europeus para levar embora nossas revelações.
É hora, portanto, de tentar
entender o que aconteceu no caso de Neymar, cuja venda está provocando este
desagradável imbróglio em torno de nossos dirigentes, especialmente do
presidente licenciado, Luís Álvaro.
Voltando no tempo, é hora
de reavaliar se foi inteligente entrar em litígio com o grupo DIS, no começo da
primeira gestão de Laor. Não há nenhum benefício visível, pelo menos, desse
litígio. Pelo contrário, ele só atrapalhou o relacionamento do Santos com
Ganso, como já é sabido.
Se não
houvesse o litigio, como se comportaria o grupo DIS ao longo da permanência de
Neymar no clube? Claro que sempre optaria por posturas que lhe fossem mais
lucrativas. Mas o Santos não ficaria sozinho no relacionamento com Neymar pai –
de quem o alvi-negro da Vila Belmiro ficou refém.
Sim, refém.
Sim, refém.
Manter Neymar quando o
Chelsea apareceu com 30 mihões de euros, em 2010, foi decisão acertadíssima.
O jogador liderou nosso
time na conquista de seis títulos, o maior de todos o tri-campeonato da
Libertadores, o que deixou todos nós, santistas, extasiados de orgulho e
alegria.
Mas aí começaram os
problemas, resultando na novela da saída
de Neymar do Santos, que gerou os melancólicos acontecimentos que estamos
vivendo agora.
Pelos relatos públicos
disponíveis, tudo indica que Neymar pai aproveitou o intervalo entre a
conquista da Libertadores e a disputa do mundial de clubes de 2011 para pressionar
o Santos e obter um melhor contrato para seu filho e outras vantagens, como a
carta que o autorizava a negociar com outros clubes, mesmo seis meses antes do
fim do contrato com o Santos. Real Madrid e Barcelona estavam querendo levar o
nosso jogador.
Naquele momento, diante do
pesado desafio de enfrentar o campeoníssimo Barcelona em Tóquio, o Santos
precisava mais do que nunca de Neymar, de quem dependia não só no campo, mas
também nas estratégias de marketing e obtenção de receitas.
Do meu ponto de vista, o
Santos poderia fazer uma, de duas coisas, diante do pedido da carta, por parte
de Neymar pai. Negá-la, abrindo uma frente de atrito com o pai do jogador, que
não renovaria o contrato que estava em discussão. As consequências? Não sei
dizer. A direção do Santos optou por ceder ao pedido. Agiu certo?
Na sequência, houve dois
erros. Por parte da diretoria, não revelar a existência da carta, mesmo quando
começaram a circular rumores sobre ela. O fato de não haver uma cópia nos
arquivos do Santos, indica que a diretoria tinha noção de que a carta era
problemática. Sua divulgação provocaria
desgastes políticos.
Neymar pai fez exatamente
o que não poderia, assinar um acordo com o Barcelona, recebendo um adiantamento de 10 milhões de euros do clube
catalão e, especialmente, às vésperas da disputa do campeonato mundial
interclubes. Foi um ato que levou em conta o desejo do filho de jogar ao lado de Messi e totalmente
antiético em relação ao clube com o qual Neymar Jr. mantinha contrato.
No começo de 2013, diante
das pressões, inclusive de boa parte da mídia, para Neymar jogar na Europa e a proximidade das Copa das Confederações, na
qual se esperava uma grande performance do jogador, seu pai começou a insistir
que o craque fosse vendido pelo Santos.
O Barcelona, a cavaleiro
da situação depois do pré-acordo com Neymar pai, jogou a oferta pelo jogador
para baixo, 16 milhões de euros. De olho nos 40% que teria que repassar para o
grupo DIS, o Santos, via seu presidente em exercício, Odilio Rodrigues, brigou por
um preço maior e acertou uma série de compensações paralelas - direito de preferencia sobre revelações da
base, dois jogos amistosos , etc – para diminuir a parcela do investidor. Ao todo,
o Santos ficaria com 25 milhões de euros, considerando os 17 milhões de euros
referentes à transferência propriamente dita, dos quais 40% foram para a DIS, e
os acordos paralelos.
Nessa negociação, o grupo
Doyen, o mesmo que comprou Leandro Damião, pôs na mesa uma proposta do Real
Madrid muito mais atraente do que a do Barcelona, mais de 100 milhões de euros.
Santos e o grupo DIS ganhariam muito mais. Mas Neymar pai escolheu o Barcelona,
com quem já estava apalavrado e, agora, se sabe, de quem recebeu nada mais,
nada menos, do que 40 milhões de euros, muito mais do que o Santos e a DIS. Sem
contar os acertos além desses 40 milhões.
A história toda agora está
clara, por conta da movimentação da oposição ao ex-presidente do Barcelona,
Sandro Rosell, que fez a direção do clube reconhecer que a contratação de Neymar custou
pouco mais de 86 milhões de euros e não só os 57 milhões que o dirigente
admitia. E a consequência lá, até agora, foi a renúncia de Rosel.
Por aqui, pelo Santos, esse
negócio ainda vai dar muito pano para manga. Está sendo um triste epílogo para a
história de um dos maiores craques da saga do Santos, que nos deu uma
ressonância no futebol mundial que há muito o alvinegro da Vila Belmiro não
tinha.
Neymar um dia teria que
ser vendido, pois essa é a regra que vige hoje no futebol brasileiro. O Santos
não teria fôlego para segurá-lo a longo prazo. Ficou na Vila por mais tempo que
o esperado, em função de um projeto inovador e corajoso da direção do clube,
comandada por Luís Álvaro e nos deu grandes alegrias. Infelizmente, o processo também
teve zonas cinzentas na hora de sua saída do clube, que agora estão vindo a
público.
Independentemente do
desenrolar do caso Neymar, o Santos precisa levar em consideração as suas
lições ao tratar com as novas revelações da base que estão revelando grande
talento. Como administrar sua permanência no clube pelo maior prazo possível e negociá-los
pelo melhor preço? E como, ao mesmo tempo, sempre manter um time forte e
competitivo?
Esse é o desafio, nada
fácil.
Boa tarde Serrano... O que mais tem me agradado nesse começo, e pra mim o principal motivo do time estar num momento de crescimento, é a definição de um sistema de jogo sólido e suas variações durante a partida... Ontem, perdemos o Alan Santos para a partida, personagem importante nesse meio campo com uma saída de bola muito boa, passes precisos, excelente distribuição de jogo, em seu lugar, Leandrinho manteve o nível, pois o sistema manteve-se inalterado, e apenas mudou-se a peça... Eu realmente tenho o sentimento de um ano melhor que o passado, sem dúvidas, esse time tem margem pra crescer e amadurecer ainda mais, a expectativa é a melhor possível...
ResponderExcluirAo menos pra mim, Serrano, essa história da venda me chateou bastante, e não falo isso em termos econômicos apenas... A sensação é a de viver apaixonado, acreditar que o sentimento é recíproco, e depois de um tempo vc descobre os demais flertes e traições, a farsa de vivermos acreditando em algo que não existe... É um balde de água fria, sem dúvidas, que pra mim, respeito quem pense o contrário, mancha sim, e coloca em dúvidas, todas as juras de "amor" do Neymar, pq não tem como imaginar que ele tbm não soubesse nada disso.... Tanto sabia, que ao invés de se pronunciar, dizer algo sobre isso td, sua única reação foi expor a tal da carta, como quem diz "eu fui correto", apesar das provas em contrário...
Acho que a grande reflexão no Santos hj deveria ser se vale à pena criar novamente a lenda de um mito.... O tempo é implacável em td, e o bom nisso, é que a lição que de vez o Santos tem que tirar disso td é rever o significado da palavra ÍDOLO... Ídolo do Santos, é o seu Pepe.... Ídolo do Santos, é o seu Zito.... Ídolo do Santos, é o Pelé... Ídolo do Santos é o Clodoaldo, é o Lima, o Edú....
Abraço, bom domingo, e boa semana.