SANTOS: FOI UMA FESTA TRISTE, PELA SAÍDA DE NEYMAR E PELO FUTURO QUE NOS ESPERA

Foi uma festa triste, pá!

Triste porque foi o último jogo de Neymar com a camisa do Santos.

Triste porque mostrou as limitações (para ser elegante) do time que jogou em torno dele contra o Flamengo.

Neymar vai jogar em um dos melhores times do mundo.

Nós vamos ficar com um time que já não era eficiente com ele e sem ele tende para a mediocridade.

Haja coração, pela saída de Neymar.

Haja coração, pelo que nos espera, pelo menos no futuro imediato.

A manutenção de Neymar no Santos, apesar das propostas recebidas desde meados de 2010, foi a decisão mais acertada tomada pela atual administração do clube, comandada por Laor.

Sua presença foi decisiva para o Santos conquistar 6 títulos, inclusive a  3º Libertadores, elevar o faturamento anual de R$ 70 milhões para R$ 200 milhões e o número de associados disparar para 65 mil. Agora, a todas essas cifras somam-se os R$ 40,9 milhões que cabem ao Santos na venda, mais as rendas dos dois amistosos.

Um belíssimo resultado, que seria bom mesmo se ele ficasse a até 2014 e fosse embora sem o Santos ganhar nada.

Em entrevista à A Tribuna de Santos, esta semana, o presidente Laor disse que Neymar estava triste e atribuiu esse estado de espírito às vaias que o jogador recebeu na última apresentação da Seleção Brasileira. Essa tristeza, segundo Laor, foi um dos motivos dele querer sair.

Trata-se de uma simplificação, pois acredito que Neymar estava triste principalmente porque não tinha mais um time com que jogar no Santos. Estava sozinho em campo, tentando resolver os jogos com seu talento, sem sucesso.

Ouso dizer que essa tristeza deve ter começado quando Ganso saiu da Vila. Quando Ganso jogava bem, mesmo quando já não rendia tanto, a dupla era a grande força do nosso time. E a tristeza foi se aprofundando desde o  segundo semestre do ano passado quando a qualidade de jogo do nosso time entrou em decadência. A chegada de Montillo não preencheu o vazio deixado pelo Ganso.

Some-se a tudo isso a incapacidade de Muricy de fazer o time render, tema que já foi exaustivamente analisado neste blog. 

Além desses fatores, é claro que as frágeis perspectivas financeiras do Santos neste 2012 empurraram a diretoria do Santos a concordar com a saída de Neymar nesta  próxima janela de transferências. O Santos arrumou sua vida financeira, equacionando suas dívidas. Mas carece de um fluxo de recursos que lhe permita deixar o caixa em azul e ao mesmo tempo fazer grandes contratações. Assim, foi obrigado a fazer dinheiro com a velha ferramenta dos clubes brasileiros: a venda de jogadores.

A questão que se coloca, agora, é o que fazer com o dinheiro que vai entrar. O da venda de Ganso, aparentemente, serviu para trazer Montillo (que ainda não justificou a contratação) e entrou no fluxo do dia a dia. Como será empregado o proveniente da saída de Neymar?

Será a nossa idolatrada base capaz de gerar talentos para que seja montado um time tão talentoso como de 2010? E rapidamente? Tomara, mas não creio. Muricy, agora sem a estrela máxima do time, terá capacidade para montar um time de jogadores médios, mas taticamente organizado?

Enfim , uma nova fase começa e com enormes desafios. 

Lacrimejei várias vezes nestes dias, especialmente junto com Neymar ao vê-lo se emocionar  na execução do Hino Nacional no início da partida.Já havia visto a despedida de Pelé, no longínquo 1974, depois de acompanhar os seus 18 anos de carreira no alvi-negro da Vila Belmiro. Mas aqueles eram tempos em que se amarrava cachorro com linguiça.

Hoje, o tilintar das moedas, aliás dos euros, comanda o espetáculo. Neymar e o Santos resistiram o quanto puderam.

Para poder mais, o alvinegro precisa reavaliar seus caminhos.

Mas essa é uma outra história para uma outra vez.

Boa sorte, Neymar!