Tive a
felicidade de acompanhar ao vivo as jogadas geniais de Pagão, Pelé e Pepe, o
PPP, pelos campos de futebol no final da década de 50 e começo da de 60. Dois
craques ao lado de um gênio, Pelé.
O trio se
modificou com a saída de Pagão e a chegada de Coutinho e continuou tão
brilhante quanto, encantando a todos os santistas e aos amantes do futebol.
Sempre encontro torcedores de outros times que iam aos estádios só para ver o
Santos jogar – não importando contra quem ele jogava. Iam ao estádio para ver o
espetáculo que o trio apresentava.
Este ano um
trio vem encantando os amantes do futebol. Lá na Europa, é claro, apesar de
serem todos sul-americanos, Messi, Neymar e Luís Suarez, o gênio argentino e os
craques brasileiro e uruguaio. Oriundos dos grandes rivais sul-americanos, eles
encantam a Europa e o mundo.
Quem aprecia
futebol para para vê-los. E neste sábado teve o privilégio de ver um espetacular
gol de Messi, o primeiro contra o Athletic Bilbao, na final da Copa del Rey, na
Espanha. Na jogada, estiveram presentes todos os atributos de um gênio em campo:
a determinação em superar a marcação homem a homem, os toques sutis dos dribles
em espaços diminutos, deixando para trás três marcadores, a velocidade no
arranque, a visão da pequena brecha disponível no gol para enfiar a bola nas
redes.
Lembrou
Pelé.
Comemorei o
gol, tomado pela beleza da jogada, com entusiasmo crescente a cada toque e drible
inacreditável e impossível.
É esse encantamento que gera a paixão pelo futebol,
fazendo-nos superar os problemas e as falcatruas que envolvem a administração
desse esporte que encanta o globo há mais de século.
Quem já teve
a oportunidade de vivenciar a administração de um clube, como eu, na condição
de conselheiro do Santos nos últimos cinco anos, aprende que o jogo de poder em torno de um clube é complicado, pesado e
nem sempre leva em conta os interesses maiores da instituição. O time corre em
campo, de vez em quando dá enormes alegrias à torcida, quando ganha títulos,
mas no entorno muita gente se locupleta.
Basta
acompanhar a transferência de Neymar para o Barcelona, negócio que vai entrar
em nova fase de litigio com a decisão do Santos de entrar na Justiça em busca
de direitos seus que julga terem sido lesados. Justamente o meu Santos e este
Barcelona cujo time é tão admirado atualmente. Dois times da história do
futebol com administrações e empresários envolvidos em um negócio nebuloso, que
contrasta com o que as suas equipes apresentaram e apresentam em campo.
O que
esperar de diferente quando a entidade maior do futebol, a FIFA, explode no
noticiário policial? O mal é estrutural. Nasce lá em Zurique e se espalha por
todos os cantos do globo.
Nos tempos
do PPP do Santos, a FIFA, comandada pelo inglês Stanley Rous, era uma entidade
eurocêntrica, que organizava Copas do Mundo que, vistas de hoje, parecem competições
amadoras. Nestes tempos do encantador trio do Barcelona, pós João Havelange e
com seu herdeiro Joseph Blatter, a
organização de uma Copa do Mundo, por uma FIFA global, envolve interesses geopolíticos e bilhões de
dólares.
Dos anos 50 até hoje, a FIFA, os negócios e o dinheiro
envolvidos no sistema e a corrupção cresceram exponencialmente.
Dentro de campo, de Pelé a Messi, jogadores e times continuam
nos encantando por igual, alimentando a paixão pelo futebol.
Mas não há paixão que resista a tanta corrupção,
especialmente quando ela se escancara aos olhos de todos – e não é expulsa de
campo.
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